
Não é que eu não adore férias para descansar, porque adoro. Mas ficar 7 dias enfiada num resort, apenas e só, pode tornar-se muito aborrecido. Por isso, quando decidimos ir ao Egipto, estávamos todos alinhados que, para além de dias de sopas e descanso, teríamos de ir fazer algumas excursões.
As essenciais já sabíamos quais seriam: Luxor (Karnak e Vale dos Reis) e Cairo (pirâmides e esfinge). O resto decidimos no momento e resultaram em boas experiências e agradáveis surpresas.
É importante salientar também que, no Egipto, tudo fica longe e, por isso, as excursões demoram muito tempo, especialmente ao Cairo, Luxor e Abu Simbel. Esta última não fizemos porque era ainda mais tempo de viagem e queríamos também ter tempo para descansar.
Ao contrário do que costumo fazer, desta vez decidimos comprar as excursões no hotel em vez de comprar pela net.
Primeiro, fomos abordados por vários vendedores enquanto estávamos na praia, logo no primeiro dia. E foi precisamente aí que comprámos o nosso primeiro tour. Depois, ficámos com o contacto do vendedor e fomos encontrar-nos com ele no seu stand dentro do hotel. No Titanic Palace Hotel, onde ficámos hospedados, há literalmente de tudo um pouco (shopping, sala de jogos, cinema para os miúdos, etc) e claro que não podia faltar um canto de vendas de excursões.
Os egípcios atiram sempre os preços bem lá para cima, por isso tivemos de regatear um pouco, mas conseguimos bons valores para as experiências que tivemos. Uma boa alternativa é o site getyourguide, onde podem inclusivamente ver testemunhos de outros clientes.
EXCURSÕES NO EGIPTO A PARTIR DE HURGHADA
Excursão 1 – Passeio de moto4 no deserto
Pensei que não ia sobreviver à primeira excursão do Egipto, tal não foi intensa a brincadeira. Realmente, estes egípcios não brincam em serviço. Neste tour, fomos de moto4 pelo deserto do Egipto mas, ao contrário do que estava à espera, não era um daqueles desertos lindos que vemos nos filmes, com areia fina. Este deserto era de terra e pedras por todo o lado.
Para além de o cenário não ter sido aquele que tinha idealizado, tínhamos pela frente mais de 50 quilómetros de passeio. 28km para cada lado e, para mim, que nunca conduzi moto4, deixou-me meio assustada e decidi ir à pendura. Ainda bem que o fiz porque íamos a grande velocidade a tentar seguir o guia. Acho que se tivesse ido sozinha a conduzir uma mota, àquela velocidade, tinha-me estampado na primeira curva. Por isso, para quem for medricas e não tiver experiência, recomendo que vá à pendura sem medos, e se prepare para uns valente saltos.
Quando chegamos a meio do caminho, paramos para beber um chá e, quem quiser, dar uma mini volta de camelo. Literalmente, são apenas 5 minutos em cima do camelo. Aproveitei esta parte da experiência para descansar à sombra, porque não sou apologista da utilização dos animais para estes fins turísticos e mantive me sossegadinha a hidratar-me.
Regressamos depois para os últimos 28 quilómetros de regresso ao transfer até ao hotel, já cobertos de pó da cabeça aos pés.
Este tour é recomendado fazer com óculos de sol (eles emprestam uns, caso não tenham) e com o lenço típico deles, que nos vendem por 2 euros e depois fica uma recordação. É mesmo importante fazê-lo, devido a toda a poeira que é levantada pelas motos e que, sem esta protecção, vai ser complicado de respirar e ver.
Apesar dos sustos que apanhei , foi uma manhã muito bem passada e uma experiência que nunca tinha tido, por isso recomendo para quem gostar deste tipo de aventuras.
25 euros por pessoa com mini passeio de camelo e chá.
Excursão 2 – Dolphin House
O nosso objectivo inicial era irmos a Orange Bay, mas o vendedor lá nos convenceu a ir antes à Dolphin House, e ficámos muito bem servidos.
A Dolphin House não é um lugar fechado onde vemos golfinhos, mas sim um passeio de barco até às 15h/16h que inclui ver e/ou nadar com os golfinhos em alto mar. Isto, claro, dependendo das condições e da vontade dos golfinhos porque, uma vez que estão livres, podem não aparecer ou não ser fácil nadar com eles. Felizmente, tivemos essa oportunidade. Foi muito rápido, porque eles andam sempre de um lado para o outro, mas ainda consegui vê-los a nadar por baixo de nós e é realmente uma experiência inesquecível.
Para além desta paragem para nadar com os golfinhos, fazemos mais duas paragens para snorkeling nos corais.
Há sempre um fotógrafo/videografo a fazer fotos e vídeos incríveis debaixo de água e a tentar vender no final. Como tínhamos a Gopro e o iPhone da minha amiga, dispensámos essa parte mas vale muito a pena tentar registar os mergulhos ali, porque a água é completamente transparente e vê-se todos os peixes, corais, etc. Por uma questão de higiene, recomendo que levem o vosso próprio material de snorkeling, embora eles também o emprestem. Os coletes e as barbatanas também vão estar no barco disponíveis para sempre emprestadas, e vão dar imenso jeito para nadar mais rápido junto dos golfinhos.
O almoço é servido a bordo em modo buffet, para que nos servíssemos quantas vezes quiséssemos e daquilo que quiséssemos. Surpreendentemente, a comida não era nada má de todo! Também havia bebidas à descrição, embora muito poucas. As restantes, podiam ser compradas à parte, por isso ninguém morria à fome ou à sede.
A excursão termina com a possibilidade de fazermos umas voltas no banana boat ou no couch boat. O primeiro é uma bóia em forma de banana, que leva 6 pessoas sentadas, sem grande adrenalina. O segundo já é bem mais divertido, mas ambas as voltinhas são muito rápidas, talvez nem 1 minuto. Ainda assim, é uma bela maneira de terminar a excursão e ainda dá tempo para mais uns mergulhos.
35 euros por pessoa com almoço incluído e bebidas a bordo
Excursão 3 – Luxor
Luxor é uma daquelas excursões que, embora não tendo a componente lúdica, tem a componente cultural que quem visita o Egipto deve ter certamente.
A viagem até Luxor demorou cerca de 5 horas, pelo que nos vieram buscar ao hotel às 5h da manhã. Dormitámos no transfer e, quando chegámos à primeira paragem de Luxor, Karnak, tínhamos a nossa guia à espera e, daí, fizemos sempre o caminho com ela.
Foi um dia muito duro, porque apanhámos temperaturas a rondar os 40 graus e muito tempo ao ar livre. Mas nada que um chapéu, muito protector solar, muita água e muito vaporizador não ajudassem.
Templo de Karnak
O Templo de Karnak é bastante imponente e uma das paragens obrigatórias, ou não fosse ele o maior templo do Egipto, com uma área de mais de 2.000 m². Apesar de uma grande parte da estrutura estar danificada, é impossível não ficarmos assoberbados com a dimensão das colunas e das estatuetas dispostas em todo o complexo.
Este templo é dedicado ao deus Amom-Rá e foi durante muito tempo o principal centro religioso do Egito
As colunas, particularmente, ainda mantém parte dos hieróglifos e pinturas originais, o que não deixou de me surpreender. Aliás, tudo aquilo que os antigos egípcios fizeram é um mistério.
Seguimos para o almoço nas margens do Nilo, e um mini passeio de barco apenas para mudar de margem. Era um extra que não estava na nossa excursão mas a nossa guia quis oferecer (creio que por estar tanto calor). Não podíamos recusar a oportunidade e foi, de facto, um passeio agradável onde ainda tivemos a oportunidade de conduzir o barco.
Vale dos Reis
Escondidas no Vale dos Reis encontram-se mais de 60 tumbas de faraós do Antigo Egipto. Todas elas saqueadas, excepto a de Tutankamon, que foi encontrada intactada e cujos famosos pertences se encontram no Museu do Cairo.
Devido às horas, não pudemos visitar todas as tumbas abertas, mas visitámos três e conseguimos ver os hieróglifos desenhados nas paredes e tectos ainda com as cores originais. No mínimo, surpreendente a forma como os egipcios conseguiam preservar as cores durante tantos séculos, e fazer com que a história se mantivesse ao longo dos anos.
Curioso também é que, ao aproximarmo-nos do Vale dos Reis, nada fazia prever que ali estivessem tantas tumbas e que fosse ali o local de repouso de vários faraós do Império Novo.
Templo da Rainha Hatshepsut
Ainda visitámos o Templo da Rainha Hatshepsut, a segunda faraó feminina que governou o Egito. O templo fica localizado na margem oeste de Luxor, junto a um penhasco, e o acesso ao templo foi feito numa espécie de mini autocarro eléctrico – uma excelente opção, devido ao cansaço e ao calor que já levávamos neste fim-de-dia.
Mas é de realçar que os tons que o templo ganhou com o pôr-do-sol são realmente incríveis.
Colossos de Mêmnon
Terminámos o dia nos Colossos de Mêmnon, mais uma construção imponente mas de visita rápida. Tratam-se de duas estátuas gigantes do faraó Amenófis III da XVIII Dinastia, a oeste da cidade de Luxor, que eram descritas como guardiãs do templo funerário do faraó.
70 euros por pessoa com almoço incluído, transfer e guia
Excursão 4 – Cairo
Contra tudo e contra todos, conseguimos visitar o Cairo e as pirâmides. Deixámos esta excursão para o penúltimo dia, porque queríamos aproveitar o último dia para descansar antes do regresso. Tínhamos tudo combinado para sair do hotel às 2h da manhã e fazermos as 6h de viagem até ao Cairo durante a noite. E, tal como combinado com o vendedor, às 2h estávamos à porta do hotel. O tempo ia passando, e nada de motorista. Passado 1 hora e pouco, lá apareceu o vendedor muito envergonhado, porque o motorista tinha causado um acidente por estar bêbado (era o fim do Ramadão) e tinha sido detido.
Ficámos todos furiosos, porque íamos perder a viagem que mais queríamos. Ir ao Egipto e não ver as pirâmides é como ir ao McDonald’s e pedir salada.
Lá regressámos para a cama, capazes de matar alguém e já sem grande espírito. Felizmente, a minha amiga Bruna não baixou os braços e recusou-se a que fôssemos embora sem fazermos a nossa merecida visita. Por isso, arranjou uma alternativa ainda melhor: uma visita privada, com dois motoristas para que se fossem revezando. Ficou ligeiramente mais cara, mas conseguiríamos garantir o regresso a tempo da hora dos voos.
A vida lá sabe o que faz, porque esta mudança trouxe-nos uma viagem incrível. Para além de irmos muito mais descansados por termos dois motoristas, o guia foi absolutamente incansável. E vale a pena referir que talvez tenha sido o único egípcio com um inglês que se percebe facilmente.
Museu do Cairo
O dia começou com uma rápida visita ao Museu do Cairo, onde estão centenas e centenas de peças históricas. Claro que a nossa maior curiosidade estava na célebre máscara de Tutankamon. Para visitarmos a exposição deste faraó, entramos numa sala escura, onde são proibidos telemóveis. No entanto, ao contrário do que acontece, por exemplo, no museu do Louvre em que a Monalisa fica quase inacessível, aqui passamos mesmo ao lado da famosa máscara e do caixão (de um deles, na verdade). Estão dentro de caixas acrílicas, é um facto, mas ficamos a poucos centímetros, e podemos ver cada pormenor absolutamente incrível destas peças.
Na mesma sala, encontramos vários dos artefactos que foram enterrados com este pequeno faraó, que subiu ao poder com 9 anos e faleceu aos 18 por causas desconhecidas. Apesar de ter sido, provavelmente, o faraó mais conhecido em todo o mundo, não foi pelo seu reinado nem pelos seus feitos. Em tão pouco tempo, tutankamon não pôde fazer muito. A sua fama deveu-se ao facto de ter sido o único túmulo a ter sido encontrado intacto no Vale dos Reis, perante mais de 60 túmulos saqueados, e de o seu túmulo estar recheadinho de riqueza e artefactos.
Seguindo pelo museu, o nosso guia foi-nos dando a conhecer algumas das esculturas mais icónicas, e deu-nos algum tempo livre para circularmos livremente.
Depois do museu, queríamos ir ver os antigos bazares. Infelizmente, os bazares tradicionais encontravam-se numa zona do Cairo onde iríamos perder mais tempo do que aquele que tínhamos na agenda, por isso fomos ver uma loja de joias e relíquias que parecia um autêntico museu, mesmo perto do sítio onde fomos almoçar.
À medida que nos aproximávamos do restaurante (refeição incluída na excursão), começámos a ver as pirâmides. Bem, pelo menos uma delas. E foi com vista para as pirâmides que almoçámos num restaurante muito simpático, em regime de buffet livre.
Pirâmides de Gizé
Daí, seguimos para as pirâmides que, ao contrário do que imaginava, são mesmo ao lado da cidade. Poderia até atrever me a dizer que são, praticamente, dentro da cidade.
Há muita gente. Muita confusão. Muitos egípcios a tentarem impingir coisas. Muitos camelos, cavalos e carruagens a passar. Confesso que tira um pouco a magia do espaço e que pode desiludir os mais fracos
Eu cá preferi ignorar todo esse ambiente e espantar-me com o tamanho das rochas que fazem as pirâmides. A ciência não consegue, até hoje, explicar como foram construídas as pirâmides. Há teorias que terão sido aliens, e sinceramente não há como compreender como é que aquelas pedras foram erguidas, por mais escravos que existissem. São blocos de pedra maciça, e são milhares em cada pirâmide. Já para não falar do interior, que não visitámos. Para compensar, subimos alguns degraus da pirâmide, andámos um pouco e voltámos a descer para seguir para as pirâmides restantes.
As três pirâmides de Gizé mais importantes são Quéops, Quéfren e Miquerinos mas, para além dessas, existem outras. O nosso guia recomendou nos a visita até uma vista, um pouco adiante, em que poderíamos contemplar todas as pirâmides. E assim o fizemos.
O caminho pode ser feito por camelo ou cavalo/carruagem para dois, e eu acabei por escolher a segunda opção, uma vez que ir a pé era realmente muito desafiante pela areia e sob aquele sol. Mas fui de coração apertado, porque esta história de usar os animais para fins turísticos dá cabo de mim. Pronto, fui e foram cerca de 10 minutos até à tal vista que realmente compensou – parecia um postal.
É um local fantástico para tirar fotos e os vendedores aproveitam-se, é claro. Já se tornaram especialistas na arte de tirar fotos originais e criativas aos turistas, e depois pedem pelo menos 5 euros eles lá não têm problema nenhum em pedir dinheiro até por nos darem uma indicação, por isso cuidado com os favores.
Regressando ao nosso transporte, ainda fizemos algumas comprinhas de souvenirs (sempre a regatear muito bem regateado até aos 50% do valor que eles pedem originalmente).
A próxima paragem seria a Esfinge. Mais uma vez, uma vasta multidão e lá estava ela – imponente como sempre a vi nos livros e filmes de miúda. Igual a si mesma, e com tantas histórias para nos contar. O que lhe aconteceu ao nariz, ninguém o sabe ainda e tudo o que se diz são puras especulações.
O gostinho final foi ver a Esfinge com as pirâmides por trás – a melhor maneira de terminar este dia.
Algumas pessoas dizem que as pirâmides são uma desilusão, pela proximidade à cidade e pela confusão. Eu entendo. Mas foram mais de duas décadas a sonhar c as pirâmides e em vê-las ao vivo. Nada me iria demover desta concretização e realização pessoal. E não deixa de ser absolutamente impressionante aquilo que os egípcios conseguiram construir, há tantos anos, e que tem resistido ao passar do tempo.
95 euros por pessoa com almoço incluído, transfer particular com dois motoristas e um guia privado
Concluindo
Vale muito a pena aproveitar os dias em Hurghada para fazer excursões. Há tempo para tudo – o relaxar total no hotel, sobretudo se ficarem num tão fixe como o Titanic Palace, e o passeio e descoberta desta cultura tão distinta e com tanto para nos dar.