
Confesso que estou ainda a aprender a lidar com o facto de estar a passar mais uma década da minha existência. A passagem para os 30 é um momento marcante, sobretudo a nível psicológico. É a percepção de que o tempo passa por nós e que a vida não pára. Por outro lado, 30 é só um número e sou mais realizada aos 30 do que era quando virei para os 20, sem dúvida.
E, aos 30, quero começar a ver, sempre, o copo meio cheio. É por isso que, ao invés de olhar para tudo aquilo que gostava de ter conquistado e que ainda não conquistei, prefiro olhar para as minhas conquistas antes do 30.
Analisarmos o nosso percurso, percebermos tudo aquilo que já ultrapassámos e parabenizarmo-nos por todas as batalhas já vencidas é um prémio que merecemos. É quase como que recuperar fôlego para as próximas lutas que aí vêm. E, portanto, aqui vão elas, as minhas conquistas antes dos 30.
As minhas conquistas antes dos 30
Sou efetiva
Há um ano, tomei a decisão de aceitar um novo desafio profissional em Alcabideche, Cascais. Na altura, estava a morar na Trafaria e, portanto, ainda fazia uns bons quilómetros todos os dias. Mas o cargo aliciou-me desde a primeira entrevista de emprego e identifiquei-me a 100% com todos os projectos que ia ter pela frente. A empatia com a minha chefia parece ter sido imediata e em menos de um mês estava a trabalhar. Passados 9 meses, o meu contrato foi renovado e tornei-me efectiva. Se é um ordenado de sonho? Não, ainda não. Mas o prazer de se fazer o que se gosta, com uma boa equipa vale muito. Trabalhei em empresas onde o meu esforço não era recompensado, onde continuava a ser vista como uma “miúda” e sem oportunidade de crescimento e reconhecimento. Aqui, nesta organização, sinto-me “em casa”. Sinto que há espaço para crescer, para ser criativa. Aliás, quanto mais tempo houvesse, mais projectos faríamos. Tem sido uma experiência fantástica, tenho aprendido tanto e desenvolvido enquanto profissional. E, claro, ser efectiva antes dos 30 anos deu-me uma motivação incrível.
Tenho um animal de estimação
Quando a minha cadelinha Lucy faleceu, pensei que dificilmente iria voltar a ter um animal de estimação. Sair de casa antes das 7h00 da manhã e regressar, tantas vezes, por volta das 21h00 não me permitia adoptar um cão, que é o meu animal de companhia preferido. Seria de um tremendo egoísmo adoptar um bicho para ficar fechado num apartamento minúsculo todo o dia. Por isso, deixei-me estar sossegada. Até que comecei a analisar a hipótese de um coelho. São adoráveis, são pequeninos, não precisam de ir à rua, ocupam pouco espaço em casa e são mais independentes. Mas, mais uma vez, pensei que seria egoísta ter o bicho fechado numa gaiola, sozinho, todo o dia até eu chegar a casa, para garantir que não roía a mobília nem cabos eléctricos.
Qual não foi a minha surpresa quando o meu namorado me ofereceu um a mim e um à minha enteada. O meu chama-se Vasco e é mais reservado. Nos primeiros dias não queria sair da gaiola e assustava-se com a nossa presença. O da minha enteada chama-se Oreo e é um verdadeiro cãozinho em ponto pequeno. Assim que o soltamos, não nos larga. Só quer miminhos e andar a cheirar os nossos pés. Estão juntos e dão-se super bem e, agora, já lhes comprei uma gaiola de 2 metros para terem mais espaço todo o dia. Adoro aquelas criaturas peludas. Acalma-me sentar-me com eles no chão e dar-lhes festinhas, falar com eles e vê-los brincar.
Fiz uma tatuagem desenhada por mim
Há muito tempo que gosto de tatuagens. Mas sempre tive medo de fazer algo permanente na minha vida, no meu corpo. Queria algo que fosse absolutamente original, que mais ninguém tivesse ou viesse a ter. E, em jeito de brincadeira, comecei a fazer uns rabiscos com base num conceito que tem todo o sentido para mim: a minha família.
Não sei muito bem como, criei um símbolo que parece um 4 mas que, na verdade, é o cruzamento das iniciais dos meus pais e irmão. “F” de Francisco (o meu pai e o meu irmão) e “M” de Maria, da minha mãe. A tatuagem é completada com dois pontinhos, que simbolizam os meus dois avós já falecidos.
E decidi tatuar nas costas, na zona da nuca, pelo simbolismo de estarem sempre a olhar por mim, a guardar as minhas costas.
O conceito é meio lamechas, eu sei, mas queria algo realmente único e que tivesse muito significado para mim. Claro está que, depois da primeira, veio a vontade de fazer as seguintes mas, até agora, ainda só tenho uma.
Concluí o meu curso
Não acredito que tenha dado por encerrado o meu percurso académico. Sempre gostei de estudar, de fazer trabalhos, de fazer testes. Uma verdadeira nerd, eu sei. Mas se há coisa que gosto é de aprender. Mas, até aos 30, concluí a minha licenciatura em Comunicação Social e Cultural, fiz a minha Pós-Graduação em Marketing e Publicidade e tirei vários cursos de curta duração relacionados com Marketing Digital. Ainda há outros cursos que gostaria de frequentar e, assim que o meu plano financeiro estiver definido, voltarei a investir em algumas formações na minha área.
Criei um blog
Em 2013, na sala de jantar dos meus pais, criei um blog. Começou por ser uma brincadeira, fruto dos contactos que tinha no meu trabalho e um gosto enorme por escrever a toda a hora. Mas aquilo que começou por ser um passatempo amador, rapidamente se tornou num part-time trabalhoso, mas com muito retorno a todos os níveis, especialmente motivacional.
O blog já passou por várias fases. Mudou de logotipo, mudou de plataforma, profissionalizou-se e dá-me tanto ou mais gozo agora do que no início. À medida que vamos aprendendo mais, mais queremos fazer. E, hoje em dia, o meu blog é o meu bebé. Seis anos depois, ainda me entrego a cada conteúdo, com cada vez mais cuidado, com cada vez mais consciência daquilo que satisfaz os meus leitores e os meus parceiros. E irei continuar com o Living In B’s Shoes enquanto me der esta satisfação tremenda e esta sensação de realização.
Dei aulas
Quando estava na faculdade, consegui um estágio na Microsoft que acabou por ser renovado para um contrato e me fez estar naquela grande família durante mais de três anos. Parte das minhas funções era dar a aula de Comunicação Digital, com a qual a Microsoft tinha um protocolo. Por muito envergonhada que fosse, e por muito constrangida que me deixasse ser professora de colegas meus, a verdade é que desbloqueou muitos receios que tinha sobre falar em público e me ajudou a ganhar mais estaleca nessa matéria.
Algo que me deu muito jeito quando, no início de 2018, eu e a Maria Gonçalves lançámos o “Criar Um Blog”, um projecto inovador no qual, para além de acompanhamento individualizado a bloggers e influenciadores digitais, também dávamos cursos presenciais sobre assuntos relacionados com esses temas.
Escrevi um eBook
Ainda há de chegar o dia em que publico um livro, provavelmente um thriller ou um romance. Quem me conhece sabe que adoro inventar histórias. A culpa é da minha mãe que, quando eu era pequenina, me contava histórias diferentes todas as noites. Apesar de o livro estar em stand-by, já lancei um eBook técnico. “SEO para Bloggers – Das 0 às 1000 visualizações por mês” é um livro técnico onde partilho as principais técnicas de optimização para motores de busca que qualquer blogger deve saber para ser encontrado nos resultados de pesquisa do Google. O eBook custa apenas 5€ e, modéstia à parte, é bastante completo pois explica, de A a Z, como optimizar o blog e cada post e página.
Comprei um carro
Sou uma sortuda. Os meus avós ofereceram-me a carta de condução. Fiz o exame de código com uma perna às costas mas, na condução, chumbei à primeira. Para mim, que nunca tinha chumbado a nada, foi desmotivante. Mas lá respirei fundo, inscrevi-me num novo exame e passei à segunda. Passei meses sem conduzir porque tinha medo de destruir o carro da minha mãe. Tanto medo tinha que, efectivamente, foi o que aconteceu. Tive um acidente com o carro dela e foi directo para a sucata. Felizmente ninguém se magoou, mas foi o suficiente para termos de nos despedir do nosso antigo Clio. A minha mãe, amorosa e caridosa como só ela, não queria que eu comprasse um carro e preferia que eu andasse com o novo que ela teria de comprar. Mas eu bati o pé e, roída pela consciência pesada de ter destruído um carro, decidi que tinha de ter o meu. Afinal, se voltasse a ter um acidente, era o meu carro. Não iria voltar a deixar a minha mãe privada do seu transporte pessoal para o trabalho. E assim foi. Tanto procurei que, no Verão de 2013, comprei o meu primeiro carro. Em segunda mão, claro, mas ainda foram uns milhares de euros. Era, contudo, precisamente aquilo que eu queria: um económico e citadino Citroen C1. Ainda hoje o tenho e continuo a adorá-lo, embora já preferisse trocar por um modelo ligeiramente maior, um pouco mais “seguro”. Mas, seja como for, foi comprado por mim, com o dinheiro das minhas poupanças. E sabermos que os nossos maiores bens foram adquiridos por nós e que não tivemos de “chupar” o dinheiro dos nossos pais é de uma brutal paz de alma.
Fiz a minha viagem de sonho
Acredito que os lugares mais bonitos que visitamos são, provavelmente, resultado das pessoas com quem lá estamos. Por isso, quando fui ao México com a minha melhor amiga em 2016, experienciei a minha viagem de sonho. O México foi tudo aquilo que eu esperava e muito mais. Juntas, alugámos um carro e percorremos alguns lugares sozinhas, sem excursões. Andámos ao nosso ritmo. Bebemos as nossas tequilas. Nadámos com as tartarugas. Vimos o pôr-do-sol mais bonito de sempre. Partilhámos histórias. Deixámos problemas para trás. Fizemos esta viagem numa altura muito problemática das nossas vidas, quando ambas estávamos a passar por desgostos amorosos que nos arrastaram pela lama. E sei que saí do México de alma lavada. De coração cheio. Ficou muito para vermos ainda no México, mas posso deixar que, até hoje, foi a minha viagem de sonho. Um destino cheio de história e de natureza, e com a melhor pessoa do meu mundo.
Saí de casa dos meus pais
O mercado de arrendamento está impossível para jovens conseguirem sair de casa. Na altura, tinha concluído o meu trabalho na Microsoft e ia entrar no centro de emprego. Nesse mesmo ano, o meu irmão ia entrar na faculdade, no Jamor, e estava à procura de um quarto em Lisboa para morar. Eu, que sempre quis ir morar em Lisboa, nunca tive capacidade financeira para alugar um apartamento sozinha, nem me identificava na história de alugar quartos e partilhar uma casa. Por isso, comecei a ver casas em Algés. Quando descobri aquela casa, cujo anúncio tinha acabado de ser publicado pela Remax, gritei para os meus pais “Se não for esta, não é nenhuma!”. Tive um feeling em relação àquela casa, depois de só ter visto casas que não me diziam nada. Fomos os primeiros a ligar a marcar visita, os primeiros a visitar a casa e, efectivamente, ficámos com ela. Já lá vão cerca de cinco anos que temos a casa em Algés e que saímos de casa dos nossos pais. Vivemos juntos, é certo, mas somos melhores amigos. O meu irmão é o homem perfeito e eu sou a fã #1 dele. Ok, quase perfeito porque, quando acorda, não tem capacidade mental para conversas e eu começo o dia com o turbo ligado. É o único aspecto no qual não somos compatíveis. Mas, à parte disso, não podia ter melhor companhia de casa, e de vida. E, por muito que ame os meus pais e me saiba sempre voltar ao meu quarto antigo, não há nada que saiba tão bem quanto a nossa independência.