Lovetography Living in B's Shoes Bárbara Bação
  • Avó: “Filha, então e amores?”
  • Eu: “Oh avó, eu não tenho tempo nem para me coçar, quanto mais para procurar um namorado só porque sim. Eu estou bem é assim, sozinha sem que me chateiem a cabeça”
  • Avó: “Oh filha, não digas isso porque não é verdade”
  • Eu desisto de responder e mudo de assunto.

Quis a vida que eu passasse este Dia dos Namorados solteira. Na verdade, é algo que não acontecia desde 2009 mas, honestamente, está-me a ser completamente indiferente (mesmo fazendo passatempos diários para casais celebrarem o amor e eu a dormir sozinha em casa). Tenho vindo a perceber, nos últimos tempos, que mais vale estar sozinha do que acompanhada de alguém que a) não gosta de nós, b) não nos respeita, c) não nos dá valor, d) é um imbecil, e por aí fora.

Não há nada de errado em estar solteira, apesar do que a sociedade transmite. Estar solteira não é, de todo, estar sozinha. E esta comprometida não é, da mesma forma, sinal de estar acompanhada. Na minha última relação, em que tinha o rótulo de namorada, acabei por estar sozinha na maioria do tempo. Por isso, é tudo muito relativo. E, quanto mais tempo passa, mais me começo a habituar a isto e começa a ser mais fácil ver algumas vantagens. Single ladies out there, vejam se se identificam:

Poupo imenso dinheiro.

Quero começar por aqui porque, bem, a vida está cara. Quando namorava, passava a vida a ir jantar fora, queria oferecer presentes, ir para hotéis, etc. E, claro, a minha conta bancária sentiu-se mais aliviada quando fiquei solteira. Agora, todo o dinheiro é para mim e para os meus projectos e, se vir uns sapatos que gostei, não tenho de pensar 3 e 4 vezes se não seria melhor, em vez disso, comprar um presente para ele.

Consigo ter tempo para mim.

Trabalhar 8 horas por dia, ter um blog, tratar das tarefas da casa e querer ser uma boa namorada fazia com que eu tivesse menos tempo para mim. Aliás, tinha zero tempo para mim e para as coisas que gostava. No fundo, sinto que me anulei enquanto pessoa para poder agradar e dividir o meu tempo com outra. Claro que, quando estamos numa relação, é algo que acontece naturalmente sem pensarmos nisso mas, quando a relação acaba (e especialmente porque ele foi uma besta quadrada), acabamos por nos arrepender do tempo que desperdiçámos nele e que podíamos ter investido em nós.

Não tenho de dar justificações nem discutir com ninguém.

Quem é aquele? Porque é que estavas a falar com ele? E esse que te anda a meter likes no Facebook? Convenhamos – estar solteira significa que não temos de estar a dar justificações a ninguém e, muito menos, discutir. Ou porque ele se atrasou, ou porque não concordam com o restaurante, ou porque estamos com TPM e ele deu-nos uma resposta torta. Para chatices, bastam-nos as nossas. Já para não dizer que há aqueles homens que implicam com tudo: desde a cor das unhas, ao comprimento da saia.

Posso estar com quem quiser, à hora que quiser. 

Com homens ou com as minhas amigas, posso sair de casa e chegar à hora que quiser, para estar com quem quiser. Se vir um rapaz giro e ele se meter comigo, posso responder com um sorriso tímido sem me sentir culpada. Se a minha amiga me ligar tarde para ir beber um copo, posso arrancar e chegar de manhã sem ter de pensar que ele se vai chatear. Quero? Faço e vou.

Podia continuar a escrever e este post seria quase infinito. Mas a verdade é que, claro, há tantos ou mais motivos para se estar numa (boa) relação. Não estar numa relação só porque sim, só porque temos medo de ficar sozinhas para sempre, só porque precisamos de conforto. Nós temos de ser o nosso maior pilar, e não um homem. Ele serve para nos complementar, como a cereja no topo do bolo. Mas ele não é o bolo – o bolo somos nós. Nós somos tudo, e eles apenas podem dar um brilho extra. Se não derem, nem vale a pena. Mais vale só do que mal acompanhada.

Mas, encontrando a “pessoa certa”, a vida sabe ainda melhor. Poder chegar a casa e ter um abraço sincero à nossa espera. Alguém que esteja sempre disponível para ouvir as histórias dos nossos dias, para nos ajudar a superar desafios, para nos fazer sentir bonitas, especiais e únicas. Alguém que nos segure a mão na rua, que nos leve a passear e nos faça sonhar com o futuro. Alguém que nos dê estabilidade emocional em vez de destabilizar tudo. Alguém com quem saiba bem fazer conchinha na cama ou no sofá, cujo abraço faça apagar todos os problemas do mundo e cujo beijo nos faça derreter. Essas são as relações – e as pessoas – por quem vale a pena deixar de ser solteira. Tudo o resto é… bom… resto.

Posto isto, se estão numa fase de estar solteiras/os e ainda não conseguem ver as suas vantagens, espreitem o trailer deste filme que estreou na semana passada e que ainda me fez soltar umas boas gargalhadas. “Como Ser Solteira”: